terça-feira, 2 de julho de 2013

Parte 4.

São Paulo – 2013


Dois anos se passaram na vida de Cristina e ela não mudou nada, pelo menos fisicamente. Ela continuava no mesmo emprego, na mesma faculdade, e com o mesmo blog. Porém ela estava escrevendo mais e se tornando mais popular. Ela estava mais segura de si, estava se sentindo de bem com a vida. Mesmo que Daniel nunca mais falou com ela, ela fez alguns amigos na faculdade e começou a sair com as colegas de trabalho. Ela estava tendo uma vida normal de uma jovem de 21 anos. Excerto pelo seu blog .
Com sua popularidade Cristina tinha muitos leitores curiosos a respeito de suas histórias, para alguns ela dizia que era verdade , outros que ela julgava mais inteligentes ela admitia que era mentira.
Um fato estava a incomodando ultimamente, ela se sentia vigiada, perseguida. Como se sempre alguém estivesse a observando. Em sonhos ela ouvia uma voz marcante lhe dizendo ‘’ não revele os segredos, guarde-os bem Cristina. ’’ A voz era familiar, suave, a acalmava. Mas ela não conseguia reconhecer de quem era.

-Que frio! – Cristina estava saindo de sua ultima aula na faculdade, indo em direção ao ponto de ônibus.-
-Concordo moça. – Uma voz masculina sussurrou em seu ouvido.
Cristina se virou para trás e não viu ninguém.
-Ok, eu não bebi e com certeza não estou ficando louca.
-Não está mesmo. – A voz lhe disse novamente.-
Cristina voltou a olhar pra trás e não viu nada.
-Quem está aqui? – A voz dela era firme, não tinha medo ou preocupação. -
-Um velho amigo.
-E porque não aparece?
-Não é a hora certa.

Um vento forte passou entre ela, um mini furacão podia se dizer. Ela ficou mobilizada por alguns minutos, querendo entender o que foi  aquilo, quem estava ali e porque.
Foi quando alguém a cutucou no ombro a trazendo de volta.
-Você está bem? – A voz de Daniel não tinha sarcasmo ou ironia.-
Cristina ergueu as sombra celhas em um tom de surpresa.
-É... –mordeu o canto do lábio- Estou bem.
-Reparei que você está parada aqui a alguns minutos.
-É... eu... acho que tive uma tontura por uns instantes.

-Cristina eu sei que não tenho nada a ver com sua vida, nem somos amigos mais...
-O que você está pensando?
-Você disse que sentiu tontura.... e ...
-VOCÊ NÃO ESTÁ PENSANDO QUE EU ESTOU GRAVÍDA ESTÁ?
- Não está?
-Não !, Daniel eu sou virgem.

Daniel olhou surpreso pra ela sem dizer uma só palavra.
-Tá vendo?tá vendo que você me fez falar?  Que droga!
-Cristina calma...
Cristina entrou no primeiro ônibus que passou, sem nem verificar se era o certo.  Ela se sentou e ficou ali pensando quem poderia ser a voz misteriosa. Por minutos ela lembrou de  que Daniel falou com ela, seu coração parecia ter voltado a bater um ritmo acelerado. Afinal de contas O que será que Daniel significa para Cristina?


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Gustavo.


Parte 3

-Uma noite inteira para beber um copo de vodka?
A voz meio rouca interrompeu seus pensamentos.
-Como é? -Ela se virou pra identificar quem era.-
-Você moça, está tomando essa vodka a horas. Algum problema?
O rapaz se sentou do lado de Cristina. Era ele bonito, bem bonito. Branco , cabelos lisos, olhos castanhos mel, um sorriso bonito. Ele era bonito demais pra está ali, naquele lugar.
-Ah, é que não costumo beber.
-Reparei, mas a moça não me disse o que lhe aconteceu.
-Nada demais, briguei com uma pessoa.
-Namorado?
-Não, um amigo.
-Se foi só um amigo, não se preocupe logo vocês voltam a se falar. Azar o dele de ter brigado com você.

O rapaz se aproximou um pouco mais e Cristina estranhou. Ela não estava familiarizada com aquilo, ninguém se aproximava dela por ela ser anti-social. Mas ela era linda, apesar de ela não saber disso.

- Prazer, Gustavo.
-Prazer, Cristina.


Gustavo ficou ali com Cristina por horas. Ele a levou em casa mas ela se recusou a trocar telefone com ele. Os dois nunca mas se viram.
                                              Pelo menos Cristina nunca mais o viu. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Daniel


Cristina


Parte 2

A vida de Cristina não tinha nenhuma emoção, era pacata, simples. Ás vezes seu único divertimento era escrever em seu blog. E por isso ela passava horas e horas pesquisando assuntos, lendo histórias. Tudo para que pudesse entreter seus leitores, e deixarem admirados.

Um dia Daniel estava em sua casa, era normal eles passarem horas e horas vendo filmes ou fazendo trabalho da faculdade. Eles eram da mesma turma. Ele perguntou se podia pesquisa uma coisa qualquer na internet e pegou o notebook de Cristina. Quando abriu viu várias pastas no desktop e resolveu abri-las. Ao ler tudo aquilo ficou incrédulo, ele não acreditava que sua amiga pudesse ser capaz de criar um personagem e mentir para tantas pessoas dizendo ser o que não.


Daniel : Cris, o que é isso?
Cristina :Isso o que? -Ergueu uma sobrancelha-
Daniel: Isso, todas essas histórias , mentiras, registros de conversas.
Cristina: Você não devia mexer nas minhas coisas.
Daniel: Você tá ficando louca? esse mundo de rpg não existe !
Cristina: Eu sei, é só um divertimento.
Daniel: Você é louca garota, pirada mesmo. Não me admira que ninguém se aproxime de você, só eu mesmo. Quer saber? Tchau, eu não vou ficar falando com uma louca.
Cristina: Já vai tarde, some da minha casa, some da minha vida.

Daniel saiu bufando pela porta, e Cristina se sentou no sofá. Pensou , repensou. Será que Daniel estava certo? Seria tão errado assim escrever pra outras pessoas? Mentir? Não seria obvio que tudo aquilo era mentira, era apenas um ''jogo'' ? .
Ela decidiu dar uma volta na cidade, estava confusa , brava. Os nervos a flor da pele. Vestiu sua jaqueta preta e foi até o centro da cidade. Lá se sentou no velho banco da praça e começou a observar as pessoas.

-Pessoas. -Disse ela baixinho.-
Pessoas vazias de sentimentos, pessoas tristes, felizes, pessoas indecifráveis. Seria tão errado escrever pra aquelas pessoas? Ela não achava que era, ela tinha certeza disso. Não era a primeira pessoa a escrever coisas, se passar por coisas.

-Daniel é um idiota mesmo. -Repetiu em sua mente.-

Observou um bar. Normalmente ela não bebia, mas achou que deveria nessa ocasião. Ao entrar todos a olharam, basicamente aquelas pessoas eram as mesmas de todos os dias, e conclui que uma pessoa nova ali era raro.
Ela sentou em uma mesa e um garçonete com um olhar bem debochado veio até sua mesa.

- O que a mocinha vai querer?
Cristina respirou fundo.
-Vodka, com gelo por favor.

A garçonete saiu, mas deixou o perfume barato no ar. Cristina deu uma pequena olhada a sua volta e viu bêbados, prostitutas, ela não havia reparado nisso antes. Alguns minutos depois ela voltou com um copo grande de vodka e gelo.
-Aqui está, boa bebida.

Cristina respirou fundo por 30 segundos, as pessoas a observavam como se estivesse em um show de circo. Ela não lia mentes mas sabia que estavam se perguntando se ela beberia aquilo. Ela deu um gole, ''vodka barata'' conclui. Deu um gole maior e só assim a pararam de observar. Ela ficou ali, reprimindo toda a raiva que estava de Daniel, ficou mais tempo que deveria mas não se importou era feriado no dia seguinte. Ali, naquele bar era como se só estivesse ela e o copo de bebida, ela estava acostumada a ficar sozinha. Mas detestava se sentir sozinha.


Parte 1

Brasil - São paulo - 2011

O despertador nem havia tocado e Cristina já estava de pé, andando de uma lado para outro em seu pequeno quarto. Ela estava inquieta em plena 05:00 da manhã. O motivo era um comentário, não um simples comentário. Um daqueles que costumava tirar seu sono. Normalmente ela não dava muita importância a eles, sendo que a maioria era de pessoas fanáticas por suas histórias. Mas esse não, ela não conseguiu identificar o ip e o email usado para comentar era inexistente no google. Isso nunca havia acontecido antes. O seguinte comentário era:

'' Você não tem medo de revelar os segredos a todo mundo? Isso pode lhe custar muito caro.''

De principio ela não deu importância aquilo, afinal de que segredos a pessoa estaria falando?
Foi aí que ela juntou os pontos e deduziu que as coisas que ela escrevia deviam ser esse segredos. Mas afinal era tudo uma obra de ficção certo? Ela não devia temer a nada, afinal aquilo tudo não existia era apenas fruto da imaginação dela. E ela só compartilhava esses frutos com todo mundo.


-Eu não sei porque perco o sono com isso, já estou acostumada com essas ameaças medíocres.

Dito isso foi pro banho , ficou lá mas tempo que devia afinal ela havia acordado muito cedo. Se trocou , fez café olhou pela janela de sua minuscula kitnet.
-São paulo acordou.
Se sentou na poltrona e tomou um longo gole de café acompanhado de suas torradas favoritas. Verificou sua bolsa, dinheiro da passagem, dinheiro do lanche, celular, livro de sua leitura semanal, alguns papeis. Em seguida saiu para seu emprego.

Um fato importante sobre Cristina, ela devorava livros.  


Cristina trabalhava em uma loja de roupas na avenida principal, Logicamente não era o emprego dos sonhos, mas pagava o aluguel e seu curso noturno. Ela trabalhava lá a 1 ano, período em que juntou dinheiro para comprar seus moveis e sair de casa. Sua família não morava tão longe da capital, mas ela gostava de se sentir independente então nunca reclamava da vida que estava levando, ao contrario dizia sempre para sua mãe que estava feliz por estar conseguindo cursar seu curso de letras.

Trabalhava de segunda a sábado das 08:00 as 18:00, de segunda a sexta cursava letras em uma pequena faculdade não muito longe de seu emprego. Chegava em casa as 23:00 e escrevia e respondia seus leitores do blog até a 01:00, acordava as 06:00 no outro dia e sua rotina era basicamente essa.
Aos sábados depois do trabalho costumava servir mesas em um pequeno bar ao lado de sua casa, não pagava bem mas já era um dinheiro a mais para suas despesas.

Aos domingos costumava dormir até tarde, prepara um almoço e lia algum livro. Depois saia com seu amigo Daniel, bebia ou ia ao cinema. Se distraia da sua rotina infeliz, e assim era a vida de Cristina. Era...



Outro fato importante sobre Cristina, ela não tinha muitos amigos. Na verdade quase nenhum.